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Falta de chuvas foi determinante para queda da agropecuária

A escassez de chuvas que prejudica o campo desde o segundo semestre de 2020 foi determinante para a queda de 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária do país entre abril e junho deste ano ante o trimestre imediatamente anterior, como divulgou na manhã de ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

E, embora as estimativas para o PIB setorial no acumulado do ano continuem positivas, o avanço tem sido revisto para baixo por causa da seca e também de geadas de julho no centro-sul.

As intempéries afetam principalmente lavouras de milho, cana, café e laranja, cujas colheitas estão em queda.

A soja, carro-chefe do agronegócio nacional, não sofreu perdas e garantiu um aumento de 1,3% do PIB da agropecuária em relação ao segundo trimestre de 2020. Mas o atraso dos trabalhos de plantio e colheita da oleaginosa na temporada 2020/21, já encerrada, deixou a segunda safra de milho ainda mais suscetível a danos, por ter sido semeada fora da janela climática ideal em diversos polos.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de soja do país alcançou o recorde de 136 milhões de toneladas em 2020/21, 9% mais que em 2019/20. Já a colheita de milho foi calculada pela estatal em 86,7 milhões de toneladas, com retração de 15,5% na comparação.

No total, a colheita de grãos do país chegou a 254 milhões de toneladas este ano, 3 milhões a menos que no ciclo anterior.

No caso do café, a situação é mais complicada. É ano de bienalidade negativa da espécie arábica, a mais produzida no Brasil, e naturalmente a colheita seria menor que a do ano passado, mas por causa da seca a redução poderá superar 25%.

Até a agora a Conab estima o volume total em 48,8 milhões de sacas de 60 quilos, 22,6% menos que em 2020, mas essa conta ainda vai ter que considerar o prolongamento da estiagem nos últimos meses, e reflexos negativos causados pela estiagem em áreas do centro-sul, sobretudo em Minas Gerais.

Para a produção brasileira de cana, a mais recente projeção da Conab indica queda de 9,5% nesta safra, para 592 milhões de toneladas. Mas também aqui ainda são esperadas revisões para baixo, por causa do clima.

Para a laranja, o Fundo de Defesa da Citricultura ainda trabalha com previsão de aumento de 9,5%, para 294,2 milhões de caixas de 40,8 quilos, na colheita deste ano nos Estados de São Paulo e Minas Gerais, que reúnem o maior parque citrícola do mundo. Mesmo se for confirmado, o volume será 35 milhões de caixas menor que a média das últimas dez safras.

Segundo o IBGE, o arroz, ao lado da soja, pesou positivamente para os resultados do PIB da agropecuária no segundo trimestre, bem como a pecuária e a produção florestal, mas o algodão também apresentou resultados negativos. Como pioraram as perspectivas para a carne bovina, em parte por causa dos problemas econômicos que têm motivado uma migração do consumo para proteínas mais baratas como frango e ovos, o cenário no segmento também tem piorado.

Nesse contexto, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) reduziu de 2,6% para 1,7%, na semana passada, sua expectativa para a variação positiva do PIB da agropecuária em 2021.

Para o valor adicionado da produção vegetal, a previsão de alta caiu de 2,7% para também 1,7%. Há projeções de avanço para soja (9,8%), trigo (36%) e arroz (4,1%), que, por enquanto, compensam as quedas sinalizadas para milho (11,3%), cana (3,2%) e café (21%).

Para o valor adicionado da produção animal, o Ipea baixou sua previsão de aumento em 2021 de 2,5% para 1,8%. Os bovinos não escaparão de uma queda, calculada em 1%, mas as estimativas são de alta para suínos (7,7%), frangos (3,9%), leite (3,1%) e ovos (4,5%). Com a tendência de normalização do clima nos próximos meses, o Ipea já prevê para 2022 um aumento de 3,3% do PIB da agropecuária brasileira.


Fonte: www.milkpoint.com.br

Data: 02/09/2021

 

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