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Soja sobe mais de 16% em reais por saca desde maio no porto de Paranguá

Os preços da soja, em reais, subiram mais de 16% no porto de Paranaguá desde maio. Uma ligeira recuperação do contrato março/20 na Bolsa de Chicago - que opera acima dos US$ 9,00 por bushel - uma dispara do câmbio e um expressivo fortalecimento dos prêmios, especialmente nas últimas semanas.

A intensificação da guerra comercial entte China e Estados Unidos trouxe a demanda chinesa a se concentrar ainda mais no mercado brasileiro e contribuiu para o cenário, principalmente quando se trata dos prêmios. A semana se encerra com valores na casa de US$ 1,50 por bushel sobre os preços da Chicago ofertados pelo produto brasileiro, segundo explica o diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, Carlos Cogo.

A semana foi extremamente importante para o mercado da soja no Brasil e as vendas contabilizaram, somando os volumes da semana anterior, vendas de mais de 3 milhões de toneladas. Somente nesta semana, os chineses compraram mais de 20 navios da oleaginosa. E assim, a oferta para a conclusão de 2019, quando o assunto é exportação de soja, se mostra cada vez mais ajustada.

Ainda segundo Cogo, não só a demana externa, mas a interna também se mostra muito forte e acirra ainda mais a disputa entre as processadoras nacionais e os importadores. Dessa forma, os preços criam boas oportunidades de venda para os produtores não só na exportação, mas também na indústria.

"Temos uma recuperação dos preços, dos prêmios e das perspectivas para o primeiro semestre do ano que vem já, o que permite com o que o sojicultor comece a nova safra com uma projeção melhor, com mais fôlego. Já são novas contas", diz Cogo.

Apesar disso, as vendas da safra nova não acontecem no mesmo ritmo intenso do que as da safra velha. "E isso é reflexo de uma combinação de fatores entre eles o prêmio futuro ainda baixo, a cotação futura ainda um pouco limitada e, principalmente, a volatilidade do câmbio. Ainda não se sabe o que vai acontecer com o dólar e isso preocupa muito, inclusive já atrasando não só a comercialização, mas também a compra dos insumos", explica.


China disputa soja do Brasil com processadores locais; preços sobem 10% no mês

SÃO PAULO (Reuters) - O mercado de soja do Brasil ganhou um ingrediente adicional nesta semana, com processadores locais ampliando a disputa pela matéria-prima com chineses, que também buscaram mais fortemente o produto sul-americano, devido à guerra comercial com os Estados Unidos.

Há relatos no mercado de compras pela China de mais de 1 milhão de toneladas de soja de Brasil e Argentina apenas nos últimos dois dias, com a situação cambial facilitando a vida de importadores.

Enquanto isso, os negócios entre produtores e processadores brasileiros foram fortes, especialmente nesta semana em que foi realizado um leilão para compra de biodiesel, cuja matéria-prima é em sua maioria óleo de soja.

O prêmio pela soja nacional no porto de Paranaguá, importante termômetro da exportação, subiu mais de 15% na semana para 1,50 dólar por bushel ante contrato de referência da bolsa de Chicago, maior nível desde novembro de 2018, com a forte demanda chinesa.

No mercado local, preço da soja no acumulado do mês atingiu 85,40 reais por saca de 60 kg (base Paranaguá), também o maior valor desde meados de novembro, com alta de mais de 10 por cento no mês, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

"Isto é sinal do aumento da demanda chinesa sobre a soja da América do Sul, especialmente Brasil e Argentina", disse Luiz Pacheco, da T&F Agronômica, em relatório.

Ele disse que foram reportados negócios de 14 carregamentos na quarta-feira e outros quatro, na quinta-feira, totalizando mais de 1 milhão de toneladas do produto.

"No Brasil, houve vendas de origem de mais 120 mil toneladas. Na Argentina, os agricultores venderam mais 300 mil toneladas... fugindo dos eventuais problemas político-econômicos e aproveitando a alta do dólar, com boa participação dos exportadores", acrescentou Pacheco.

Relatos de outras fontes do mercado confirmaram tais negócios de soja no Brasil. As transações têm sido impulsionadas tanto pela guerra comercial, já que chineses disseram que não estão comprando mais o produto dos EUA, quanto pelo câmbio.

No Brasil, o dólar foi visto a patamares não registrados desde maio, valendo mais de 4 reais, enquanto na Argentina, com derrota do presidente Maurício Macri nas primárias, um dólar valeu 65 pesos no início da semana, o maior valor da história.

"O acirramento da guerra comercial, desde a semana passada, gerou uma série de incertezas, e o ponto de inflexão foi a desvalorização da moeda chinesa em relação ao dólar, e o Brasil também teve desvalorização, e a Argentina nem se fale", disse o pesquisador do Cepea Lucilio Alves.

O professor chamou também a atenção para a maior demanda interna, seja para atender a uma mistura maior de biodiesel no diesel, que passará a partir de setembro, de 10% para 11%, seja para atender a indústria de ração, em meio a uma boa demanda de indústrias de carnes, que também estão elevando exportações, especialmente para a China, atendida pela peste suína africana.

Alves lembrou do leilão de biodiesel da última segunda-feira. Embora os resultados não tenham sido divulgados, há indicações de que houve boa participação dos agentes, comentou.

O aumento da mistura para B11 eleva a demanda pela oleaginosa em cerca de 200 mil toneladas ao mês, já que o biodiesel é feito majoritariamente de óleo de soja no Brasil.

Isso adiciona mais pressão em um balanço de oferta de demanda apertado no Brasil, após uma colheita menor em 2019.

"Tem um fato novo que contribuiu para o acirramento da disputa pela matéria-prima, o leilão de biodiesel... Isso aumentou um pouco a disputa interna", disse.

Segundo o especialista, nessa conjuntura, os preços do óleo estão nos maiores níveis desde o final de 2018, enquanto o farelo de soja também vem sendo absorvido pela demanda do setor de carnes.

"Tem um ambiente interno de preços maiores para os derivados, e isso melhora a margem do esmagador", destacou.



Fonte: Notícias Agrícolas

Data: 19/08/2019

 

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