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Prêmios da soja sobem no Brasil com despencada das cotações em Chicago
Agosto carrega o rótulo do mês que dura 365 incansáveis dias e logo no primeiro já começa a dar sinais de que não vai facilitar para Estados Unidos, China ou o mercado da soja. Nesta quinta-feira (1), o presidente americano Donald Trump foi ao Twitter anunciar uma nova tarifação de 10% sobre US$ 300 bilhões em produtos chineses. E essas novas taxas não incluem os outros US$ 250 bi já taxados em 25%.
A reação do mercado da soja na Bolsa de Chicago foi imediata e a estabilidade observada no início do dia ficou para trás, com os preços terminando o pregão com registros de baixas de 16,25 a 17 pontos entre os principais contratos. Durante a sessão e após o anúncio, as perdas superaram os 20 pontos nas posições mais negociadas.
Assim, o vencimento agosto ficou em US$ 8,47 por bushel, enquanto o novembro foi a US$ 8,65. O contrato maio/20, que é referência para a nova safra do Brasil, temrinou o dia valendo US$ 9,04, depois de bater na mínima da sessão de US$ 8,99.
"Isso fez o mercado acreditar que está ainda mais difícil de um acordo acontecer", disse o consultor da Cerealpar e da Agro Culte, Steve Cachia. Assim, para o produtor do Brasil, a pressão é sentida, mas a compensação pode chegar via prêmios melhores.
Segundo explica o executivo, "ou o prêmio sobre um pouco porque a China virá mais agressiva para cá ou a China permite uma cota de compras de soja americana livre de tarifas retaliatórias para tapar o buraco da entressafra da América do Sul. Acredito que será uma mistura dos dos dois. A China vai fazer suas contas na ponta do lápis".
Segundo informações apuradas pelo Notícias Agrícolas, os prêmios ofertados para a soja brasileira subiram até 11 cents de dólar em algumas posições de entrega, voltando à casa de US$ 1,00 por bushel acima dos valores praticados na Bolsa de Chicago. No entanto, os impactos de notícias como esta ainda têm impacto limitado.
Afinal, "a China tem importado cada vez menos soja e as margens de esmagamento são negativas por lá", explica Tarso Veloso, diretor da ARC Mercosul.
"A ARC lembra que esta balança entre o ônus de Chicago e o bônus dos prêmios no Brasil só será evidenciada nos próximos meses, quando (e se) a China voltar a ser uma compradora mais ativa da oleaginosa sul-americana. Não espere reações do dia para noite!", conclui Matheus Pereira, também diretor da ARC Mercosul.
Em Paranaguá, apesar dessa leve reação dos prêmios, as cotações terminaram o dia com ligeiro recuo dada a pressão intensa exercida pelas baixas de Chicago. Em Paranaguá, a soja disponível fechou o dia entre R$ 77,00 e R$ 77,50 por saca, com baixas de 0,64% e 0,65%. Em Rio Grande, indicativos entre R$ 76,70 e R$ 77,20 por saca, com perdas de 0,39%.
CLIMA E SAFRA DOS EUA
O mercado segue dividindo suas atenções entre a política e a nova safra norte-americana, em especial as condições de clima para este mês, que é determinante para a cultura da soja nos EUA. Mais do que isso, os traders seguem muito ansiosos à espera do novo boletim que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz no dia 12 de agosto.
"As questões de área serão, enfim, respondidas este mês?", questionam os especialistas da consultoria internacional Allendale, Inc. O mercado está ansioso em saber quanto da área norte-americana de soja e milho foi destinada ao programa do Prevent Plant, quanto foi 'abandonado' pelos produtores e o que foi efetivamente plantado. Dados como estes são conhecidos bem mais cedo, porém, os problemas sérios enfrentados durante o plantio impediram até mesmo a coleta dessas informações em importantes regiões produtoras do cinturão.
As estimativas de produção e produtividade, consequentemente, também ficam mais incertas e gerando especulações cada vez mais intensas no mercado futuro norte-americano. "O mercado está sem direção diante de previsões que mostram condições melhores de clima para o desenvolvimento da safra contra essas projeções de uma área não plantada nos EUA", completa a Allendale.
Fonte: Notícias Agrícolas
Data: 02/08/2019